Estive buscando me dar um tempo. Descobrir o que está acontecendo. Tenho andado distraída e irritada. Uma inquietação e vontade de estar sozinha.
Tenho pensado em partir e encarar uma nova vida. E esse medo bobo de viver… E se eu já não me encontro mais, tenho feito de você uma estranha pra mim. Apesar de toda cumplicidade, parece que queimei todas as pontes que me ligavam a você. Era necessário refletir por alguns dias. Partir seria a solução? Talvez fosse essa a minha – a nossa – libertação.
Então você apareceu como naquelas manhãs antigas, me olhou com olhos doces, deitou a cabeça em meu colo, fechou os olhos. Seu corpo nu com marcas do lençol e, naquele momento, o tempo parou. Deixei de lado tudo o que angustiava e te fiz um cafuné. Você ainda acordando, a luz morna que entrava pela janela, seus olhos fechados e sua boca… Sua boca até sorria. A vida toda estava existindo para e naquele momento.
Então eu percebi que tinha jogado fora toda e qualquer intenção de fugir. Pelo menos não fugiria naquela manhã, não daquele jeito. Fiquei sem entender o que me fazia sempre estar em paz ao teu lado. Mesmo quando estava brava, mesmo quando estava triste, até mesmo quando eu já não estava mais ali…
(Barbara Marry – Dezembro/2014)